segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Liberace na mansão do governador




A Liberace é o principal combo da NIU. Os integrantes são em geral os melhores músicos da universidade e recebem uma assistantship da fundação Liberace, que até hoje não descobri o que é. Eu estava na expectativa se faria parte do grupo ou não porque professor Carter já havia me dito que a fundação havia cortado boa parte dos fundos devido a essa crise na economia, e que ainda não tinham a verba para me colocar no grupo. Mas na primeira semana de aula, ele cruzou comigo no corredor da universidade e disse que havia conseguiu a verba pra eu fazer parte do grupo.

O único remanescente da formação anterior é o trombonista Shawn Bell, uma espécie de braço direito de Carter. Ele é o tipo de cara que tem tudo pra ser chato, todo certinho, daqueles que nunca atrasam, tira 10 em todas as matérias e SEMPRE faz o que lhe é atribuído da melhor maneira possível e dentro do prazo. Mas Shawn não tem nada de chato, é super gente fina e ainda toca muito, além de ser um grande arranjador.

Dois músicos vieram da Michigan State University, que tem um programa de jazz conceituadíssimo, o baixista Nathan Brown e o trompetista e pianista Ross Margitza. Nate tem um som de baixo gigantesco que faz jus ao seu professor na MSU, o renomado Rodney Whitaker. Ele é o tipo de figura que só aqui nos EUA mesmo: sem malícia nenhuma, leva ao tudo ao pé da letra, leva meia hora pra falar qualquer coisa e fala tudo nos mínimos detalhes. Um adolescentezão. É como eu achei que seria o Shawn!! Eu cheguei mesmo a duvidar do seu QI, mas nas horas em que fomos conversando na nossa viagem pra Springfield, Nate se revelou bastante inteligente e informado.

Ross é um daqueles caras que a gente fica pensando, "só pode ser um gênio". Ele tem 21 um anos mas parece bem mais velho, fisicamente falando e também devido à sua maturidade, musical e pessoal. Quando ele chegou aqui e pegou no trumpete na primeira canja tudo mundo ficou de boca aberta com a sua musicalidade e seus solos belíssimos, cheios de melodia, blues e swing. Como se não bastasse, na segunda música ele sentou no piano e repetiu o feito. Difícil acreditar.

O grupo fecha com o saxofonista Brian Fritz, o único estudante de graduação do grupo e o baterista que veio da Carolina do Sul, Xavier Breaker. Xavier, que aqui se pronuncia Ex-Zeivier (afff..), é o único afro-americano do grupo e outro que deixa todo mundo de boca aberta. O menino, que é também um doce de pessoa, esbanja musicalidade e pela primeira vez na vida eu consegui ouvir num solo de bateria não só melodia, mas também harmonia! Eu sei que parece absurdo, mas é exatamente o que eu ouço quando ele toca.

A Liberace tem entre as suas atribuições dois ensaios semanais de duas horas supervisionados pelo professor Carter e a administração dos demais combos da universidade, lecionando e organizando tudo. Além disso participamos de muitos eventos aqui na universidade, acompanhando os artistas visitantes e tocando aqui e ali. Boa parte das gigs são pagas, como foi essa última, uma performance na mansão do governador de Illinois em Springfield, 3 horas sul de Dekalb.

Como eles queriam um trio, fomos só eu Nathan e Xavier. Em eventos desse tipo a universidade cede uma van (sem motorista!) e cobre as despesas da viagem. Além de disso recebemos um ótimo cachê (meu melhor até agora!). Não entendi muito bem o que foi o evento, mas foi tipo um cocktail oferecido pela NIU para alguns de seus colaboradores. E não, o governador não estava lá! Que desfeita!! Aliás o governador atual, Pat Quinn assumiu após o impeachment do anterior, Rod Blagojevich, que é a cara do Nista, da banda Som Especial!! Na época do escândalo, mais ou menos há um ano atrás, aparecia a foto do bendito todo dia no jornal, e cada dia que passava eu achava os dois ainda mais parecidos!! O Nista, manda uma foto ai vai!

Springfield, pelo pouco que consegui ver, parece um brinco de cidade. Tudo bonitinho, organizado, limpinho, etc. Não sei como é para os americanos, mas pra mim é um troço tão diferente do que se tem no Brasil que não deixo de ficar meio deslumbrado. Acho que eles sentem o mesmo quando se deparam com a "bagunça" despojada da América Latina!



Aerogeradores para energia eólica no começo da viagem. Nunca tinha visto ao vivo :)


Parece aqueles imagens da bíblia. Fiquei esperando pra ver se via algum anjo!!


Chegando em Springfield


Centro da cidade


A mansão do governador


Cadê o governador? Não vem falar comigo não?


Olha o trio aí


Saindo de Springfield

4 comentários:

Gilberto de Syllos disse...

Massa Julião.
Muito legal t ver numa boa aí.
Adorei o texto e as fotos.
V s da próxima vez q vier p cá, dê um alô.
Tudo bem q eu não sou dos seus bass man favoritos.... No problem...
Acabei d lembrar do seu fuketa sem assoalho.
ABÇÂO

Newton disse...

Yow! As pessoas em Springfield tem "cara de Simpson's"? ...rs...

Cara, estou curioso com o "eu consegui ouvir num solo de bateria não só melodia, mas também harmonia!"... tem video dele tocando?

Abraço!

Julio Caliman disse...

Fala de Syllos! Vc para de viadagem que vc eh um dos melhores baixistas que conheco! Acho que a gente acabou nem tocando tanto por estarmos em circuitos meio diferentes, mas a gente conserta isso quando eu voltar! E o fusca, que fique so na lembranca!! haha

Julio Caliman disse...

Newton, hehe, nao deu tempo de averigurar! rsrs Ele eh o batera que tocou naquela apresentacao que foi "streamada". E claro, eh um opiniao bem subjetiva a minha! abs!!