sábado, 25 de abril de 2009

Oaklawn Academy

No fim do ano Rodrigo Villanueva, o regente da Lab Band e meu amigo, como não, comentou comigo que uma escola onde ele lecionava estava a procura de professor de guitarra. Eu havia dito a ele que a minha situação financeira estava me preocupando, já que desde que eu cheguei ainda não tinha nenhum trabalho fixo e isso podia fazer com que eu retornasse de vez ao Brasil no fim do semestre. Ele me recomendou então e pediu que entrasse em contato com o diretor da escola. Na ocasião eu estava com a situação da carteira de motorista ainda pra resolver e ainda não tinha carro, o que tornaria pra mim impossível assumir o trabalho, já que fica em uma cidade bem longe. Bom, no fim deu tudo certo e em fevereiro consegui meu primeiro emprego de verdade aqui.

A Oaklawn Academy fica em Edgerton, no estado vizinho de Wisconsin. Sim, fica em outro estado... Eu tenho que dirigir 75 milhas (120km) e gasto 1:20h, 1:30h pra chegar lá. Dirigir aqui, como já falei em outro post é muito tranquilo. Ninguém te dá farol alto pedindo passagem nem cola na sua traseira. Eu dirijo cerca de 20 milhas numa estrada secundária com pouquíssimo trânsito e depois pego a I-90, que é uma estrada grande, interestadual. O trânsito é um pouco mais intenso, mas nada perto de chegar a ter engarrafamento. Então, boto uma músiquinha e vou me embora.

A escola é um tipo de internato que atende garotos de 13-15 anos em média. Os alunos são todos de origem hipânica, quase todos do México. Crianças ricas, é claro. O filho começa dar trabalho, ai o pai pega e fala: "Vai pro Wisconsin meu filho, ver o que é bom pra tosse!". A escola fica no meio do nada, na beira de um lago, num lugar muito bonito, mas que pros meninos deve ser bem parecido com uma prisão. Não sei, é dificil analisar. Por outro lado, imagino que as crianças ricas no México, com aquela de história de violência e tal, também não devam ter muita liberdade. Em Oaklawn, eu sinto uma energia boa e o diretor, que é mexicano, me passou uma impressão muito boa. Mas eles têm horário pra tudo, que é preenchido por atividades das mais diversas.

Eu vou pra lá duas vezes por semana, leciono aulas de meia hora pra grupos de três meninos, 18 ao todo. A princípio eu esperava que fosse ter problemas de comportamento, mas honestamente eu não posso falar um "a" dos rapazes. Eles tem sede de aprender e são extramente dóceis. A coisa de ser latino me ajudou muito. A cultura é muito parecida, o que me deixou muito à vontade e tranquilo. Nenhum de nós tem o inglês como língua mãe, e eu quando preciso arranho meu "portunhol". Eu sou muito bem remunerado, mas comprar o carro me deixou quase sem reservas e vai levar um bom tempo até me recompor de todas as despesas que tive até agora.

A jornada pra eles está chegando ao fim, já que eles vêm pra ficar aqui 6 meses ou um ano. Eu continuo até o fim de maio e vou participar da formatura, acompanhando os alunos selecionados pra tocar. Em agosto chega um novo grupo, mas as aulas de guitarra, que são extra-curriculares, voltam só lá pra fins de outubro. O que vou fazer nesse meio tempo, só Deus sabe.



Comecinho da viagem no meio do nada!


Vilarejo pertinho da escola


Entrando na escola


Portão principal


Oaklawn Academy



Foto com lago Koshkonong ao fundo


Foto com Oaklawn Academy ao fundo

domingo, 19 de abril de 2009

Crise

Infelizmente as coisas às vezes não são o que parecem. De fato, a eficiência americana é impressionante. Mas não foi pra resolver o problema do meu social security, o que tive de esperar até janeiro para conseguir (era pra sair em outubro). Apesar dessas conquistas iniciais, não aconteceu muita coisa depois. A gig do restaurante italiano (Filo Spinato) durou cerca de dois meses, até que eles resolveram cortar gastos e por fim fecharam de vez no mês passado. Fruto da crise, que agora enxergo com mais clareza. Depois disso, tocamos algumas vezes em outros restaurantes, um em Sycamore e outro em Elgin, ambos do mesmo dono, um italiano bonachão, mas também não teve continuidade. Agora, mais recentemente, com a ajuda de carro, tenho ido com mais frequência a Chicago e acabei conseguindo uma gig com os brasileiros por lá, mas os detalhes conto depois.

A crise se mostra na vida prática, com o comércio, principalmente o do automóveis e imóveis, andando meio devagar. Vejo também notícias constantes de fábricas e também lojas fechando as portas. Em Dekalb vi vários exemplos. Também notei inflação, com vários produtos aumentando os preços. Felizmente a gasolina voltou à casa dos $2,00. O imposto sobre serviços em DeKalb e em grande parte do Illinois também subiu, de 7, 7,5% pra 10%, em média, se não estou enganado. Também vi muitas pessoas contando que tiveram grandes perdas nas bolsas. Como aqui dinheiro em banco não rende absolutamente nada, tudo mundo aplica em ações, que por sua vez é um investimento mais arriscado. Muita gente que tinha dinheiro de aposentadoria aplicado em ações, está tendo que rever seus planos sobre parar de trabalhar. Bom, também estou programando uma news pra falar de dinheiro. Prometo que escrevo antes de voltar ao Brasil.

Quando aos caça-fantasmas, continuo querendo ligar lá pra ver se é verdade. Não, não é possível...

sábado, 18 de abril de 2009

DeKalb News 4 - Jobs and Ghost Hunters

14 de setembro de 2008

A impressão que eu tive na minha primeira semana aqui, é que na América as coisas andam rápido. No meu primeiro dia eu fui ao mercado fazer compras e depois, na hora de pagar, quando eu vi já estava tudo ensacado. Os saquinhos já ficam abertos numa espécie de maquininha que vai girando enquanto o caixa vai ensacando tudo. É realmente muito eficiente. Uma coisa que não tem aqui é essa historia de você facilitar o troco. Não dá tempo! Enquanto eu fico que nem um idiota catando moedinha, que aliás ate hoje me confundem, o caixa já me deu o troco e já esta atendo o próximo cliente. Às vezes ainda me esqueço e lá vou tentando diferenciar o quarter (0,25) do nickel (0.05)...

Agora, o melhor de tudo, o que demorou uma semana pra eu me dar conta, é essa eficiência não é a custa de stress. Eu comecei a perceber que (pelo menos aqui em DeKalb) eu não via pessoas stressadas. Não vejo correria no trânsito nem gente se atropelando nas ruas. Claro, provavelmente nas grandes cidades as coisas sejam diferentes. Mas me lembrei bem do meu amigo Gustavo, há alguns anos em Lisboa dizendo, “bixo, aqui a vida é muito mais tranqüila”.

E a tal da recessão atual nos EUA, eu não notei isso não. O povo aqui deve estar mal acostumado. Eu vejo sempre anúncio de emprego, dos mais variados, como entregar jornal, tirar leite de vaca, brincar com criança autista e até de dar aulas de música (vi vários, normalmente em cidades vizinhas). Claro, a maioria dos empregos desse tipo paga o salário mínimo daqui, que é cerca de U$8,00/hora. Mas trabalhando 8h/dia isso dá cerca U$1300,00 o que dá pra viver dignamente aqui (mas pelas pontas!). Eu consegui trabalho já na minha primeira semana. Fui convidado pra dar duas disciplinas pros freshmen (bixo, calouro) de guitarra. Isso aqui é comum e é chamado de TA (teaching assistant). Isso não estava nos planos e foi muito bem vindo. Mas que foi engraçado começar a dar aulas em inglês, antes mesmo de ter assistido uma aula sequer, foi. Outra coisa que também aconteceu na primeira semana, e essa eu já estava esperando, foi dar aulas no CSA, um programa da universidade voltado para a comunidade. Bom, ainda não está rolando nada , porque depende dos alunos se matricularem, mas já valeu porque vai me possibilitar tirar social security, que é como se fosse o CPF aqui.

Também já consegui um lugar pra tocar fixo todo sábado, graças à iniciativa do Alejandro, meu amigo colombiano. Hoje foi nossa segunda semana. É um trampo sossegado, um restaurante italiano onde somos muito bem tratados. Tocamos música brasileira e jazz. Acabo também cantando aquelas bossas meio manjadas, mas o povo fica deslumbrado com a música brasileira e isso é muito gratificante. Aliás é impressionante como pouca gente sabe tocar bem nossa música. O único que toca um pouco é o Juan, um baterista peruano de 22 anos que toca jazz que nem americano. Tem um professor aqui também, o Greg Bayer que é um entusiasta da música brasileira, fala português muito bem e fez um doutorado sobre o berimbau. Ele é responsável pelo combo de musica latina, do qual também faço parte. Aliás, falando em tocar, eu faço parte de uma das três big bands que tem aqui na universidade (NIU JAZZ LAB BAND)e fiquei sabendo, também na minha primeira semana aqui, que em dezembro faremos uma turnê de uma semana no México, passando pelas cidades de Xalapa, San Miguel de Allende e Queretaro. O regente da orquestra, Rodrigo Villanueva, é mexicano. Ele é o professor de bateria da NIU e me convidou pra formar um trio junto com Alejandro, pra tocar na cidade onde ele reside, Madison. Como eu disse, as coisas na América caminham rápido.

Gostaria de divulgar o blog do jornalista Edmilson Siqueira, do jornal Correio Popular. Ele tem publicado as minhas DeKalb New em seu blog, o que me deixa muito honrado.

Termino mandando mais algumas fotos do esquilo, que algumas pessoas não conseguiram ver no meu outro email (não garanto que é o mesmo!), e também uma de coelho. É, agora além de esquilos, tenho esbarrado em coelhos. Segue também uma foto de um anúncio que saiu no jornal daqui de caça-fantasma. Não gente, não é possível, só aqui pra ter um negocio desses...



Caça-fantasmas!!! Surreal!!

Coelhinho da páscoa que trazes pra mim?



Jazz Lab Band


UN Trio