2009 começa meio nublado em Dekalb, mas ontem, apesar de frio (-10C), não nevou e tivemos um dia bonito, se é que dá pra falar assim. Não tinha muitas esperanças de ter um Réveillon memorável por essas bandas, mas graças a Eliane “Nani” Baumman e família, eu tive. Eliane e Chong são um casal muito amável que costuma acolher os brasileiros que aportam aqui em Dekalb. A Eliane é brasileira, mas o Chong é um chinês que fala um bom português. Conheci-os através da Catina e da Camila. Eles sempre nos convidam pros jantares e almoços que fazem, geralmente em alguma data especial e a Eliane sempre vem com aquele papo tipo “olha, vai ser uma coisinha bem simples” e no fim a gente come até dizer chega e ainda vem uns cinco tipos de sobremesas, incluindo um maravilhoso pudim de leite! Realmente faz a gente se sentir em casa, que é o que você mais quer quando está em um país estrangeiro. Ontem estávamos eu, Eliane e Chong, o Charles, irmão da Eliane, Isa, que é brasileira, com o noivo americano, Andy e Mara, uma brasileira que já está aqui há quase 30 anos.
A melhor coisa pra mim de estar entre brasileiros é que eu posso ser eu mesmo, falar minhas bobagens sem ter medo de ser agressive ou rude. Aqui o povo é polite demais e às vezes isso cansa minha beleza. Tudo que eu quero é ser eu mesmo. Claro, não saio por ai que nem um doido dizendo tudo que penso, especialmente entre pessoas que não conheço bem – se bem que dependendo do teor alcoólico digo uns 90%! – mas sinto que aqui o “politicamente correto” é o padrão e como eu disse, as pessoas são excessivamente polite, o que faz com a gente tenha que medir palavras e ações o tempo todo, especialmente pra mim que ainda não estou bem seguro quanto ao que é aceitável ou não por aqui.
Eu questiono muito isso. Não é porque você é muito educado, pedindo excuse me e please o tempo todo que te faz um doce de pessoa, da mesma maneira que não é simplesmente o fato de chamar alguém de senhor que te faz respeitar essa pessoa. Nesse ponto eu acho o Jô Soares um gentleman, já que ele é super respeitoso – quando quer – sem precisar chamar ninguém de senhor. Muitas outras coisas contam, como o olhar, o tom de voz, os gestos. Dia desses estava em pé conversando com alguém, mais ou menos no meio do caminho, e o povo passa pedindo excuse me, mas quase me empurrando, enquanto outros falavam num tom agressivo, quase gritando. Very polite... Isso me lembra um pouco aquelas discussões de político no plenário: "EXCELENTÍSSIMO DEPUTADO, O SENHOR É UM ILUSTRÍSSIMO FDP!!!"
Outra coisa que já fizeram aqui comigo mais de uma vez. Você está na casa de alguém, como convidado, e quando você chega, todo mundo é super educado, te cumprimenta, se apresenta, etc. Mas depois deixam você sentado duas horas sem ninguém puxar conversa, como se você não existisse. Outras vezes você chega em um grupo, com as pessoas conversando, e fica lá por horas e ninguém faz questão de te inserir na conversa. Mas claro, tudo bem polite.
Talvez isso seja por quase da maldita privacidade, tão valorizada aqui nos EUA. Pra não invadir a sua privacidade ninguém te pergunta nada e te deixam bem “à vontade”. Isso é bom? Sei lá, pra mim não é não. O meu roommate preferiu desligar o meu feijão, assustado com o barulho da panela de pressão, que ele não conhecia, ao invés de bater na porta do meu quarto e “atrapalhar” minha privacidade. Quase conseguiu estragar meu almoço, isso sim! Tudo tem seus pontos positivos e negativos. Às vezes penso que um pouco de politeness no Brasil também não faria mal a ninguém, mas honestamente, como brasileiro que sou, vou ter que puxar a sardinha pro nosso lado. Politeness é o escambau!
Iza, Mara, eu, Chong, Nani e Charles
Iza, Andy, Charles, Nani, eu e Mara
Eu e Chong. Repare no detalhe da pantufa! Coisas do frio...
quinta-feira, 1 de janeiro de 2009
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Um comentário:
Aêêêê!!! Não li ainda... mas comento de novo quando eu ler! =)
Feliz Ano Novo! Feliz Blog Novo!
Abraço!
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