sábado, 10 de janeiro de 2009

Da cor do pecado

É interessante reler essa primeira impressão da América passados mais de 4 meses. Hoje vejo algumas coisas com olhos um pouco diferentes. Eu sempre tive um problema que foi essa história de sempre dizer o que penso, dizer a verdade, mesmo quando não é apropriado ou requisitado. Eu não sei porque eu sou assim. Pode ser porque não talvez não tenha tido uma educação muita formal no que diz respeito a regras de etiqueta; pode ter sido um resquício da minha fase Mórmon, religião que frequentei na minha pré-adolescência. Essa religião dá muita ênfase ao pecado e suas terríveis consequências, e como se sabe a mentira é um pecado enorme. Bom, hoje não acredito mais em pecado, mas vai que esse medo do inferno ficou no meu subconsciente. Vai ver é uma coisa da minha personalidade mesmo. Mas eu tenho trabalhado nisso e acho que melhorei um pouco. Tenho tentando maneirar o meu impulso de dizer o que penso.

O fato é que, ser assim às vezes me leva crer que todas as pessoas também agem do mesmo jeito, o que obviamente não é verdade. Isso me faz um pouco ingênuo e meio lento pra receber impressões "reais" no meu relacionamento com os outros. O preconceito de preto contra branco existe sim. Não sinto isso sempre, nem acho que aconteça na maior parte das vezes, mas já senti-o, ainda que veladamente. Muitas vezes alguém é bem recebido ou tratado com cordialidade, mas somente por uma questão de educação, de boas maneiras, e como já disse aqui anteriormente, o povo americano é extremante polido e formal.

Quanto a ser fechado, isso é uma coisa muito particular de cada um. Mesmo no Brasil já se nota uma boa diferença do norte pro sul. Aqui também, já vi gente dizendo que o povo do sul é mais aberto. Tal qual o Brasil, a coisa parece acompanhar o clima. No geral, eu diria que os americanos não falam muito de sua vida pessoal, ou demoram um pouco mais pra se abrir. Isso é fato. Não é o caso do Pete, que é realmente um americano diferente. Com meus roommates eu não tive muitas conversas de cunho pessoal e sei muito pouco sobre a vida deles. As pessoas também dificilmente me fazem perguntas pessoais, embora isso algumas vezes isso aconteça.

A história do jazz é muito complicada. Essa coisa da cor permeia o jazz desde suas origens, e pouca gente questiona que o jazz é música de negros. Como o samba no Brasil. Existem jazzistas bons de todas as etnias, mas eu reconheço uma certa superioridade negra. No mínimo pode-se dizer que existe uma diferença. O clichê é dizer que o jazzista negro tem mais swing e o branco, por sua vez, um maior domínio técnico do instrumento. Verdade? Não sei. Aqui na escola, com exceção dos saxofonistas, os melhores músicos de cada instrumento são negros. Claro, pode ser só coincidência, mas eu duvido.

Uma pequena nota. O baixista Kevin Smith, o melhor aqui da NIU, está deixando DeKalb e regressando pra Atlanta, Georgia, sua terra natal. Segundo ele, fruto dos problemas ecônomicos que atingem o país. Uma pena...

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