Eu achei que nao fosse sobreviver ao tédio e à solidão de passar todo o Winter Break sozinho aqui em Dekalb, mas não doeu tanto assim e digo até que passou rápido. Os meus roommates voltaram hoje e confesso que estava até gostando da casa vazia e silenciosa. Eu morava sozinho já fazia quatro anos no Brasil e eu lido relativamente bem com isso, já gosto de algumas atividades solitárias como praticar meu instrumento, assistir filmes e ler também. O problema é fazer isso SEMPRE.
Mas no fim eu não estava sozinho. Além dos esquilos, Patrick, o saxofonista e Will, o pianista que mora com Kevin e Cliff também estavam em Dekalb. Entre as nossas aventuras dekalbianas posso citar algumas saídas aos agitadíssimos bares do pedaço, uma ida ao cinema, a -20C, pra ver o lacrimejoso "Seven Pounds" (Sete Vidas?), algumas jam sessions em Chicago e até uma ida ao cassino de Elgin, que pra mim foi um tremendo programa de índio, que me perdoem a comparação os primeiros habitantes do nosso brasilzão. O troço é barulhento, com músicas vindas de 400 máquinas ao mesmo tempo, todas se misturando, colorido num nível de dar dor de cabeça, e bem deprimente, cheio de pessoas idosas, todas viciadas e solitárias; muito parecido com o que se vê em nossos bingos. Mas pra mim tá óootimo! To topando qualquer coisa pra dar uma escapada de Dekalb.
No geral, minha rotina estava mais chata que a dos camarada do Big Brother. Acordava, lia o Chicago Tribune de cabo a rabo, estudava guitarra, fazia almoço, estudava guitarra de novo até que ficava de saco cheio, me agasalhava todo e saia pra dar uma circulada, caso a temperatura estivesse acima de -10C. Minhas únicas opções eram dar uma andada no centro, passando pelas 6 lojas da cidade, tomando um café no "The House" e voltando pra casa. Vez ou outra fazia um pit stop na Biblioteca Pública, que acabou se tornando meu lugar preferido. Lá, é possível pegar emprestado (sem pagar nada) dvd's. O acervo não é nada extraordinário mas dá pro gasto. Eles têm até "Central do Brasil", que obviamente eu não peguei. Deus me livre, eu sozinho aqui assistindo filme brasileiro... ia desembestar a chorar!
Um belo dia precisei ir ao supermercado e descobri que até os ônibus que a NIU fornece estavam de férias. O único jeito foi ir de bicicleta. A temperatura devia estar entre 0 e 2C, o que dá pra encarar, e não estava ventando. Passei na Best Buy, comprei um dvd player por US$30,00, porque estava cansado de ver filmes sem legenda (sumiu o controle remoto do dvd aqui de casa) e fui pro Wall-Mart comprar o que desse pra enfiar na mochila que estava levando. Só pra lembrar, estava de bike. Bom, na hora de ir embora não coube tudo na mochila, daí vim com o dvd player num lado do guidão, uma sacola no outro e a mochila pesada nas costas. O problema é que dirigindo a bicicleta estava um tal Júlio Caliman... Mas não tinha como escapar, porque a neve tinha derretido, se transformado em gelo e estava mega escorregadio. Bom, a aventura acabou na primeira curva, é claro. Daí, volta eu andando quase meia hora, carregando além de tudo, a maldita da bicicleta. Nesses dias, dá vontade de pegar o avião e ir embora.
Mas ao contrário do que pode parecer eu venci essas "férias" sem grandes crises. O segredo é não entrar naquele nóia de pensar coisas do tipo "ai, se eu estivesse no Brasil, estaria na praia, com meus amigos, com minha namorada", etc... Procurei me concentrar nos meus estudos mesmo, sem pensar demais na vida. Afinal, tudo isso foi escolha minha, e já tinha uma boa consciência do que me esperava. Quando se embarca numa aventura como essa, é importante sempre ter em mente o objetivo que levou ali e NUNCA perder o foco.
313 Augusta Ave. Agora a casa tá assim!
3 comentários:
É isso ai, Julio!
fight for it!
beijos, tão congelados quanto os dai, sob ação dos ventos dos alpes,
glau
Julio,
Adorei ler o seu blog.
Me diverti muito com as histórias.
Espero que frio não te congele!
Bjs,
Liana
Obrigado, Glauca e Liana! Realmente é dificil não congelar por essas bandas!!
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